© Gustavo Amorim
Guarda da Congo - Comunidade dos Arturos
As manifestações culturais tradicionais formam o patrimônio cultural imaterial de um povo que é definido pela Unesco como "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".
As manifestações culturais tradicionais são transmitidas oral ou gestualmente, recriadas coletivamente e modificadas ao longo do tempo. A essa porção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de "patrimônio cultural imaterial". Transmitidas de geração em geração e constantemente recriadas pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo, assim, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Folclore
A palavra folclore é de origem anglo-saxônica e foi criada por William John Toms. Folk, no sentido de povo, é o morador de um habitat. Lore - no sentido de sabedoria - é a cultura na acepção de modo de vida, ou seja, as maneiras de pensar, sentir, agir e reagir de uma comunidade nas mais variadas situações. Ao longo da vida, os membros de uma comunidade acabam adotando hábitos, comportamentos e vivências que se tornam característicos e lhes conferem identidade própria. Antes mesmo de nascerem, os futuros bebês já começam a receber as primeiras influências desses costumes, que, na maioria das vezes, os acompanharão por toda a vida, até mesmo nos rituais fúnebres. Portanto, as manifestações folclóricas representam a cultura típica do povo de uma região.
O processo histórico e os aspectos físico-geográficos de uma região são fatores que influenciam a comunidade ali inserida na adoção de vivências que a diferenciam de grupos sociais que habitam outras regiões. Entretanto, é importante lembrar que os hábitos e atitudes típicos de um povo evoluem no tempo e no espaço, e podem também ser transculturados. Assim, as pessoas que saem de sua comunidade à procura de trabalho ou estudo levam consigo suas vivências para o novo destino e ali se adaptam sem perder a própria identidade cultural. A existência de várias irmandades de Nossa Senhora do Rosário, com suas guardas de congado, em diferentes bairros de Belo Horizonte, é um bom exemplo desse processo de transculturação.
Ao analisar um fato popular interessante, é preciso saber se ele é folclórico ou popular. Para que ele seja folclórico é preciso que seja tradicional, isto é: ter sido mantido por no mínimo três gerações e ter anonimato, ou seja, a pessoa que o criou foi quem o doou para a comunidade, que, por sua vez, o utiliza da maneira que quiser. É preciso, também, que o fato seja transmitido para a comunidade através da linguagem oral, que tenha uma função e aceitação coletiva. A comunidade não cria o fato folclórico por criar, pois é em decorrência de uma de suas necessidades que ele surge. Ele sempre terá uma função para a comunidade e, normalmente, a preocupação em atender o bem estar do grupo.
O fato folclórico, em sua classificação, compreende pelo menos treze tipos mais expressivos de manifestações culturais típicas. Entretanto, no contexto turístico, para se evitar a interferência dos visitantes na autenticidade dessas manifestações, o que pode trazer prejuízos culturais, sociais e, até mesmo, a perda da identidade cultural da comunidade, aconselha-se que sejam utilizadas para comercialização turística apenas oito delas. Muitas vezes, os visitantes não têm maturidade para entendê-las; logo, é melhor não lhes expor determinadas particularidades da comunidade. Por isso, com determinados critérios, podem ser comercializadas pelo Turismo as seguintes manifestações folclóricas: a Culinária Típica, o Artesanato Típico e a Arte Popular, a Dança Típica, a Música Típica, os Folguedos, os Brinquedos e Brincadeiras, as Lendas Típicas - principalmente as ligadas aos atrativos turísticos - e as Festas com Manifestações Folclóricas - religiosas e profanas.