“No anfiteatro das montanhas
Os profetas do Aleijadinho
Momentalizam a paisagem
...
Bíblia de pedra sabão
Banhada no ouro das Minas”
Oswald de Andrade
Às margens do rio Maranhão, como em centenas de rios e riachos da capitania das Minas, no século 18, pessoas das mais diversas partes, principalmente portugueses, mineravam na esperança do enriquecimento rápido. O local tornou-se freguesia em 1734 com o nome de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas.
Mas, o destino da freguesia estaria entrelaçado à história do português Feliciano Mendes, que influenciaria para sempre a vida do local.
Feliciano Mendes, nascido próximo à cidade de Guimarães, arcebispado de Braga, era um dos mineradores à margem do rio Maranhão, na metade do século 18. Acometido de uma enfermidade, provavelmente adquirida pelo esforço do trabalho na mineração, e da qual não se sabe o tipo, fez com que Feliciano pedisse, com todo fervor, ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos pela sua cura e prometesse construir uma igreja em sua homenagem.
Tendo alcançado a graça da cura, Feliciano Mendes deu início à construção do templo em 1757. Começava, então, a ser edificado o maior santuário das Minas Gerais e que causou a grande transformação na vida do local, pois se tornou um centro de devoção popular que atrai, até hoje, centenas e centenas de fiéis. Todos os anos acontece o jubileu do Bom Jesus de Matosinhos, de 7 a 14 de setembro, expondo a forte fé dos mineiros no Senhor de Matosinhos.
A fama do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos não se deve apenas à questão religiosa, mas, também, por guardar um dos maiores patrimônios artísticos do Brasil, as esplêndidas obras executadas pelo mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que completam o caráter sacro do Santuário. São 12 profetas em pedra-sabão, no adro da Basílica , e 66 figuras em cedro nos Passos da Paixão .
Além do Santuário, a cidade ainda conta com a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, cuja portada, segundo o historiador Germain Bazin, é com toda certeza obra do mestre Antônio Francisco Lisboa. Seria seu primeiro trabalho de portada.
Em 1746, foi criado o distrito pertencente, então, à Comarca de Vila Rica. Em 1923, o distrito era transferido para o município de Queluz (Conselheiro Lafaiete). Com o nome de Congonhas do Campo, o município foi criado no dia 17 de dezembro de 1938. Dez anos depois, as palavras “do campo” foram suprimidas, ficando apenas Congonhas. Apesar de tantos anos denominada apenas Congonhas, até hoje, muitas pessoas continuam referindo-se a ela como Congonhas do Campo.
A atividade mineradora é a responsável pela economia local, devido às ricas jazidas de minério de ferro. A instalação da Usina Patriótica, em 1812, organizada pelo engenheiro alemão, Barão de Eschwege, contratado pela Coroa Portuguesa, transformou o local em um dos pioneiros da siderurgia no País.
Na década de 40, a Companhia Siderúrgica Nacional adquiriu a mina “Casa de Pedra', que até hoje é responsável pelo suprimento integral de minério de ferro para a CSN, produzindo granulados, sinter feed e pellet feed de elevado teor de ferro e ótimas propriedades físicas” (CSN). Outras importantes companhias mineradoras também se encontram instaladas no município.
O nome Congonhas deriva de uma planta chamada CONGONHA que vem da palavra tupi “Kô gôi ”que significa “o que sustenta” ou “o que alimenta”. A planta era muito utilizada para fazer um chá que, segundo a população, é benéfico para vários tipos de males.
Em 1985, um importantíssimo fato aconteceu para a cidade, a Unesco conferiu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade ao complexo do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Foi um importante e merecido reconhecimento a esse admirável patrimônio artístico mineiro, que atrai inúmeros visitantes, buscando conhecer melhor a obra do nosso grande mestre Antônio Francisco Lisboa.