“Coração robusto do sertão mineiro”
Francisco Sá
Cidade-pólo do Norte de Minas e a sexta em número de população no Estado fazem de Montes Claros uma cidade próspera e que se mantém fiel as suas tradições – culinária, manifestações da cultura popular, música e um artesanato rico estão presentes na vida da cidade. Como diz o filho da terra, Haroldo Livio, “Montes Claros é o resumo do Norte”.
Carne de sol, arroz com pequi, frango caipira com pirão, requeijão, biscoitos são especialidades da expressiva culinária montesclarense. Festas populares como Folia de Reis, coroações de Nossa Senhora, procissões, festas juninas, reinados, marujos, caboclinhos e pastorinhas acontecem todos os anos. Da força e da tradição cultural popular surgiram dois grupos parafolclóricos, Banzé e Zabelê, que divulgam e pesquisam as manifestações folclóricas de Minas Gerais.
Seja na música, nas artes plásticas, seja na literatura, Montes Claros tem filhos muito talentosos. Zé Côco do Riachão, Godofredo Guedes, Beto Guedes, Yuri Popoff e Tino Gomes são exemplos da força da música montesclarense. Nas artes plásticas, destacam-se: Yara Tupinambá, Márcia Prates,Sérgio Ferreira, Kosntantin Christoff, João Rodrigues, Godofredo Guedes, Walmir Alexandre, Carlos Muniz e Felicidade Patrocínio. Os imortais Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, Cândido Canela e Amelina Chaves são os nomes marcantes na literatura.
A história de Montes Claros começa no final do século 17. A bandeira de Fernão Dias deu origem a muitos povoados e fazendas que foram fundamentais para a formação das Minas Gerais. Montes Claros tem sua raiz ligada a esse período. Antônio Gonçalves Figueira e o cunhado de Matias Cardoso de Almeida, integrantes da bandeira de Fernão Dias, acabaram por abandonar a bandeira para se aventurarem pelo sertão. Caminharam léguas e léguas, caçaram índios e estabeleceram fazendas.
Gonçalves Figueira, em 1707, recebeu uma sesmaria de uma légua de largura por três de comprimento onde estabeleceu a Fazenda Montes Claros, próxima das cabeceiras do rio Verde, pela margem esquerda, e de montes formados por xistos calcários com pouca vegetação. Para comercializar o gado, o ex-bandeirante abriu caminhos em direção à Bahia, ao rio São Francisco, ao rio das Velhas, a Pitangui e ao Serro. A fazenda Montes Claros se transformou no maior centro comercial de gado do Norte de Minas. Antônio Gonçalves Figueira acabou por desistir da vida no sertão mineiro e retornou a Santos. A fazenda ficou na responsabilidade dos agregados e do filho Manoel Ângelo Figueira, que a vendeu para o alferes José Lopes de Carvalho. O novo proprietário construiu uma nova sede e, após obter a licença, ergueu uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição e a São José.
Logo surgiu um arraial – das Formigas – ao redor da capela, nada mais natural pela existência de um bom movimento graças ao comércio de gado. Por causa dessa circulação de pessoas e mercadorias, o arraial se tornou um dos pontos dos caminhos do ouro da Bahia para as Minas e principal rota que ligava as duas capitanias.
Conhecida no século 19 como Arraial de Nossa Senhora de Conceição e São José de Formigas, foi elevada à vila em 13 de outubro de 1831 e passou a se chamar Vila de Montes Claros de Formigas. Pela Lei nº 802, de 3 de julho de1857, a vila foi elevada à cidade com o nome de Montes Claros.
Montes Claros possui um forte distrito industrial com fabricação de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão; celulose; maquinas e equipamentos; produtos químicos; alimentícios; móveis e material elétrico. Há também na cidade confecções, gráficas, metalurgia básica e extração de minerais não-metálicos. Não se pode deixar de citar a produção de cachaça de primeira qualidade.
Em razão da economia agroindustrial, várias feiras são organizadas anualmente para divulgar e comercializar não só a produção local, mas também a regional.
A agenda de eventos é movimentada – a Festa Nacional do Pequi, o Festival internacional do Folclore e o Psiu Poético estão entre as mais prestigiadas.