Cronologia
Nasceu: 1741
Faleceu: 31 julho 1795
Natural da Vila de São José del-Rei (Tiradentes)
Formação
1757 - Ingressou no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro
1765 -Termina os estudo no Colégio da Companhia de Jesus, em Roma
Atividade
Poeta
Trajetória de vida
Em Roma, participou da Arcádia Romana, escrevendo composições em latim e italiano. Regressou a Lisboa em 1766. Devido ao ambiente antijesuítico, compôs as odes “Ao senhor rei D.José I” e “Ao ilustríssimo senhor Conde da Cunha”, que era vice-rei do Brasil. Apesar das obras, lhe foi dado um prazo para deixar Portugal e seguir para Angola. Escreveu, então, um epitalâmico, ou seja, um poema nupcial a D. Maria Amélia, filha do Marquês do Pombal, onde roga por clemência, louva o ministro e insurgi-se contra os jesuítas. Consegue, assim, o cancelamento da sentença. Sua principal obra, O Uruguai, “narra o desmantelamento das missões jesuíticas ao sul do Brasil pelas forças portuguesas encarregadas de fazerem valer as decisões do Tratado de Madri” (Dicionário do Brasil Colonial). Após a morte do Marquês de Pombal, passa a ser hostilizado na corte portuguesa.
Principais obras
1769 - O Epitalâmio à Excelentíssima senhora D.Maria Amália, filha mais nova do Marquês de Pombal
1769 - O Uruguai, dedicado a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal.
1771 - Quitúbia.
Homenagem /Título /Prêmio
1741 - Recebeu a Carta de Nobreza e Fidalguia
Análise Literária
Segundo Machado de Assis:
“Para contrabalançar, porém, esse fato, cujos resultados podiam ser funestos, como uma valiosa exceção apareceu o Uruguai, de Basílo da Gama. Sem trilhar a senda seguida pelos outros, Gama escreveu um poema, se não puramente nacional, ao menos nada europeu. Não era nacional, porque era indígena, e a poesia indígena, bárbara, a poesia do boré e do tupã, não é a poesia nacional. O que temos nós com essa raça, com esses primitivos habitadores do país, se os seus costumes não são a face característica da nossa sociedade?
Basílio da Gama era, entretanto, um verdadeiro talento, inspirado pelas ardências vaporosas do céu tropical. A sua poesia suave, natural, tocante por vezes, elevada, mas elevada sem ser bombástica, agrada e impressiona o espírito. Foi pena que em vez de escrever um poema de tão acanhadas proporções, não empregasse o seu talento em um trabalho de mais larga esfera. Os grandes poemas são tão raros entre nós!"
Fragmentos da obra 'O Uruguai”
A morte de Lindóia
“Um frio susto corre pelas veias
De Caitutu, que deixa os seus no campo;
E a irmã por entre as sombras do arvoredo
Busca co’a vista, e treme de encontrá-la.
Entram enfim na mais remota e interna
Parte do antigo bosque, escuro e negro,
Onde ao pé duma lapa cavernosa,
Cobre uma rouca fonte, que murmura,
Curva latada de jasmins e rosas.
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores;
Tinha a face na mão e a mão no tronco
Dum fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrosca no seu corpo
Verde serpente, lhe passeia e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo co’a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime e a voluntária morte,
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais furos enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!”